18 de mar. de 2011

Tem Coisas Que Só Uma Criança Diz Pra Você

Fico cada vez mais inconformada em ver como estão rigorosos os padrões de beleza que a sociedade impõe a nós, mulheres. É lógico que este tipo de imposição está muito clara nas páginas de revista (eu assino algumas, como Isto é Gente, Nova Cosmopolitan e também Veja) onde só vemos mulheres lindas, esguias, retas e siliconadas, ou mesmo na TV - em seus noticiários, programas infantis, novelas, programas de auditório. De gordinha mesmo, só as coitadas que pegam o busão e vão de caravana assistir o Silvio Santos, até porque o Sr. Silvio é o único que mostra gente feia na platéia, porque nos outros programas de TV que têm suas telespectadoras, só aparecem as bonitonas que eles escolhem pra sentarem na primeira fila, frente às câmeras.
Prá dizer a verdade, fiquei chocada em ver que nesta edição do tão famoso BBB colocaram uma gordinha (admito que assisto desde a primeira edição, gosto mesmo - e daí!?), já que não me recordo de ter habitado esta tão famosa casa nenhuma gordinha nestas passadas onze edições. E ainda assim, essa daí é gordinha mas não é barriguda, ela é cheinha por inteiro mesmo - braços, pernas, bunda, coxa. E daí, coitada dessa fulana que foi dar a cara (ou seria o corpo todo?) à tapa em rede nacional, que foi o alvo fácil e certo das chacotas dos milhões de desocupados que, como eu, adoram bisbilhotar e falar mal da vida alheia. Porque ninguém fez chacota com a bunda horripilante da tal da Jaqueline? A fulana tem mais de bunda do que eu tenho de barriga... mas, lógico, bunda é beleza, e atestado disso é a tal da Melancia, que a meu ver é totalmente desproporcional e mesmo assim o brasileiro dá audiência e enriqueceu a fulana que tá milionária só com as capas de playboy que já fez, e tem só uns 22 anos.
Mas, de repente acordei para o fato de que este padrão de beleza está imposto nas mínimas coisas e atitudes do cotidiano, atingindo até mesmo as crianças e fazendo as coitadas serem moldadas para o conceito de que "ser magra é o legal", já que a apresentadora infantil é magérrima, a fulana que faz a propaganda da boneca tal também, a própria boneca tal que também é magra, a Montana sei lá das quantas também é magricela, e a menininha do desenho animado também é meiguinha e magrinha.
Bom, tudo isso foi pra apresentar as frases que escutei da minha sobrinha, que estava por aqui hoje, e se apresentou bastante disposta a bater um papo. Escutei, concordei, choquei, refleti tudo que está escrito acima e aqui reproduzo o papo:

-Tia Renata, meu quarto é rosa sim, eu gosto da Barbie sim, eu uso roupa rosa sim, no carnaval eu até usei a fantasia da barbie mosqueteira com a asa de borboletinha, mas agora não vou poder mais me vestir de Barbie porque eu estou gordinha e a Barbie é magra, então não vou poder mais me fantasiar de Barbie...

E, pra completar meu estado de apoplexia (Rê também é cultura, procurem o dicionário!!!) a seguir veio a outra constatação:

-Tia Renata, se você continuar comendo assim sua barriga vai continuar crescendo e você vai ficar com um bebê aí dentro e ele vai nascer!
- Mas, querida, você acha que pra ter bebê basta comer e crescer a barriga comendo bastante?
- Claro tia Renata, quem é magra não tem espaço pra guardar um bebê dentro da barriga!

É... depois dessa percebi que se fosse entrar no mérito dos bebês, não ia ter coragem de enganar a coitada com a história da cegonha, e nem tampouco dar a aula de sexo dos anjos pra mocinha de 4 anos. Deixa pra quando eu comer demais e tiver meu próprio bebê...

Rê.

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